Evento reuniu representantes do MCTI, empresas, comunidade científica e produtiva acerca de oportunidades do fruto para negócios em bioeconomia
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) realizou, no dia 13 de abril, o II Simpósio Licuri – Oportunidades para negócios em Bioeconomia. A iniciativa foi organizada pelo CNPEM em parceria com as Universidades Federais de Pernambuco (UFPE), do Rio Grande do Sul (UFRGS), NBioCaat, Coopes, EMBRAPII e Cadeias Produtivas da Bioeconomia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O evento contou com mais de 200 inscritos, entre participantes presenciais e audiência online.
Típico da região Nordeste do Brasil, o licuri possui uma amêndoa rica em óleo com potencial para inúmeras aplicações. Fruto da palmeira Syagrus coronata, nativa do bioma caatinga, o óleo de licuri é tradicionalmente explorado por comunidades para usos como cicatrizante, para o controle da pressão alta e do diabetes.
Sandra Dias, diretora interina do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), saudou os participantes em nome do diretor-geral do CNPEM Antonio José Roque, e destacou como o diálogo com os diferentes entes envolvidos no projeto tem sido produtivo vem sendo enriquecedor para os profissionais do CNPEM.
“Estamos aplicando diversas metodologias, inclusive algumas desenvolvidas dentro do CNPEM, para investigar a composição química e o potencial de efeitos farmacológicos de moléculas do óleo de licuri e estamos muito animados com o interesse das empresas por todo o trabalho que vem sendo realizado”.
A polivalência do fruto não se resume ao óleo. Resíduos do processamento da amêndoa são objeto de valorização não só da comunidade que cultiva e colhe o licuri, mas também de empresas. Parte das discussões se dedicaram a posicionar o licuri como opção para o mercado plant-based, enquanto a professora Márcia Vanusa (UFPE), discutiu seus potenciais nutricionais.
“O teor de proteínas nos resíduos licuri não deixa nada a desejar em comparação com outras variedades oleaginosas, com características nutricionais bastante completas. O licuri pode ser chamado do ouro desconhecido da caatinga”
A pesquisadora Daniela Trivella, do CNPEM, apresentou as diversas metodologias usadas para aprofundar os conhecimentos sobre a composição química do óleo de licuri.
“Graças a essa iniciativa de reunir diversos atores, nós pudemos identificar até agora pelo menos duas novas moléculas bioativas (além do ácido láurico) no licuri, com potencial para uso no desenvolvimento de medicamentos”.
Sobre o projeto
O projeto “Cadeia Produtiva do Licuri MCTI: Inovação Sustentável para Bioeconomia da Caatinga” faz parte do Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI e é liderado pelo Núcleo de Bioprospecção da Caatinga do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Pernambuco (NBIOCAAT/UFPE) em parceria com o Laboratório Nacional de Biociências do CNPEM (LNBio/CNPEM), a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Projeto Bem Diverso da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (COOPES).
O projeto contempla o desenvolvimento de pesquisas com o óleo da amêndoa do licuri e o resíduo do seu processamento com atividades para agregar valor e desenvolver produtos avaliando no óleo e suas formulações parâmetros físico-químicos e estabilidade, toxicidade e citotoxicidade, e atividades antiviral, antibacteriana, antifúngica, antiparasitária, anti-inflamatória e antitumoral, assim como avaliar o potencial nutricional no resíduo do processamento da amêndoa.
Está previsto o desenvolvimento de seis formulações de novos produtos a partir do óleo do licuri. Paralelamente, o projeto fortalece os elos iniciais desta cadeia produtiva, por meio de capacitação e disseminação de boas práticas de manejo com as comunidades locais, promovendo uma alternativa de desenvolvimento local sustentável para as populações da região do Piemonte da Diamantina (BA) no Semiárido Brasileiro. A COOPES, cooperativa beneficiada pelo projeto possui 200 cooperados, sendo 120 mulheres de 30 comunidades extrativistas e responsáveis pela produção do óleo do licuri.
Tereza Correia, Coordenadora Geral Projeto Cadeia Produtiva do Licuri (UFPE), apresentou os resultados do projeto, que entra em uma segunda fase incorporando importantes mudanças de paradigmas. “Esse é um projeto que não está restrito à atividade científica e econômica, mas abrange aspectos ambientais, socioculturais e contemplam os objetivos da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030, plano de ação formulado pela Organização das Nações Unidas”.
A secretária de Políticas e Programas Estratégicos (SEPPE-MCTI), Márcia Barbosa, disse que a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, “está à bordo” do projeto “Cadeia Produtiva do Licuri” e que os projetos relacionados aos mais diversos aspectos da Bioeconomia têm prioridade agora em todos os ministérios. “Minha tarefa é difícil, mas fundamental. Aprender, provocar e identificar nesse projeto conhecimentos valiosos para serem replicados em outras áreas. A Ciência se beneficia do conhecimento acumulado e compartilhado e é preciso dar continuidade às ideias que funcionam.”
Sobre o CNPEM
Ambiente sofisticado e efervescente de pesquisa e desenvolvimento, único no Brasil e presente em poucos centros científicos do mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização privada sem fins lucrativos, sob a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Centro opera quatro Laboratórios Nacionais e é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais globalmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores em parceria com o setor produtivo e formação de investigadores e estudantes. O Centro é um ambiente impulsionado pela pesquisa de soluções com impacto nas áreas de Saúde, Energia e Materiais Renováveis, Agroambiental, Tecnologias Quânticas. A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da Ilum Escola de Ciência. O curso superior interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa do CNPEM. Por meio da Plataforma CNPEM 360 é possível explorar, de forma virtual e imersiva, os principais ambientes e atividades do Centro, visite: https://pages.cnpem.br/cnpem360.