Globo Cidadania, 7th April 2014
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Folha de S.Paulo, 8th February 2014
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Doenças transmitidas por vetores são destaque no Dia Mundial da Saúde
Objetivo da campanha em 2014 é fortalecer, informar e lutar contra enfermidades que causam entre 500 mil e 1 milhão de mortes anualmente
“Pequenas picadas, grandes ameaças” este é o tema que celebra o Dia Mundial da Saúde em 2014, comemorado no dia 7 de abril. A data foi instituída em 1948 juntamente com a fundação daOrganização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da saúde nas suas vidas e no dia a dia. Todos os anos um tema específico é abordado. Em 2014, o Dia Mundial da Saúde chama a atenção para doenças transmitidas por vetores.
Este tipo de enfermidade é aquela que não passa diretamente de uma pessoa para outra, requer a participação de agentes transmissores, geralmente, insetos. São eles os responsáveis pela veiculação biológica de parasitas e microorganismos ao homem e animais domésticos. No Brasil, inúmeras doenças são transmitidas por vetores, com destaque para dengue, malária, doença de Chagas, leishmaniose, febre amarela e esquistossomose. Juntas, essas enfermidades causam entre 500 mil e 1 milhão de mortes anualmente.
De acordo com a OMS, a doença mais letal causada por vetor, é a malária. Estima-se que tenha causado 660 mil mortes em 2010, em sua maioria crianças da África. Entretanto, a patologia que mais vem crescendo em número de vítimas no mundo é a dengue, cuja incidência aumentou 30 vezes nos últimos 50 anos. No Brasil, oMinistério da Saúde registrou 87 mil notificações no primeiro bimestre de 2014, contra 427 mil no mesmo período de 2013. A queda também foi observada em relação às ocorrências graves (84%) e óbitos (95%).
Lúcio Freitas Junior, pesquisador e coordenador do Laboratório de Bioensaios do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), explica que doenças transmitidas por vetores estão associadas a enfermidades consideradas negligenciadas. “Não existia, até pouco tempo, interesse da indústria farmacêuticas mundial em desenvolver fármacos para essas enfermidades”, diz Freitas. Ele completa ainda que, o processo para a produção de novos medicamentos demora, em média, 10 anos e possui custo elevado. “A indústria quer retorno rápido e pessoas que possam pagar pelos novos medicamentos”, afirma. Vale ressaltar que essas doenças transmitidas por vetores atingem principalmente regiões de baixo poder aquisitivo.
Há poucos tratamentos disponíveis para essas patologias e parte dos medicamentos existentes enfrentam casos de resistência. “A malária tem tratamento e alguns tipos de verminoses também. Mas mesmo que haja medicamentos para essas doenças é muito evidente que os parasitas ficam resistentes a eles. O que tornam os remédios existentes ineficientes”, esclarece. Além do controle de prevenção das Secretarias de Saúde dos Estados, institutos e universidades em parcerias com empresas biofarmacêuticas buscam elaborar novos medicamentos e vacinas para doenças vetoriais.
O pesquisador alerta ainda para o surgimento de um novo surto, a transmissão da Chikungunya. A doença começou na Tanzânia e deve chegar a diferentes países, inclusive o Brasil. “Ela é bem mais debilitante do que a dengue. A pessoa pode ficar até meses sem trabalhar, o que afeta também a economia do país”, salienta. A enfermidade possui sintomas parecidos com os da dengue e se caracteriza por febre alta e dores intensas nas articulações de mãos e pés. O mosquito da dengue, o Aedes aegypti, também é responsável pela transmissão da Chikungunya. Dados do Ministério da Saúde informam que no Brasil foram detectados apenas três casos confirmados em 2010, todos eles de pessoas infectadas fora do país.
Segundo a OMS, o objetivo da campanha em 2014 é sensibilizar os indivíduos para ameaças de doenças transmitidas por vetores, e incentivar as famílias e as comunidades a tomarem medidas a fim de evitar a proliferação das enfermidades. O elemento-chave da ação é disseminar informações.
Pesquisas e vacinas Depois de oito anos de trabalho no Instituto Pasteur da Coreia do Sul, Lúcio Freitas Junior retornou ao Brasil, para o LNBio, há cerca de 10 meses. O pesquisador, referência internacional em doenças negligenciadas, trouxe ao Brasil uma nova tecnologia para triagem de drogas, oportunidades de treinamento para novos pesquisadores e um modo competitivo de fazer pesquisa.
“Quando você compõe um grupo para pesquisar esse tipo de droga, você não está só buscando a cura para pessoas pobres, existe a possibilidade de gerar muito recurso”, salienta Freitas. OLNBio, Laboratório integrante do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, São Paulo, possui um programa de pesquisa voltado à descoberta e validação de novos alvos terapêuticos e ao desenvolvimento de novos fármacos para doença de Chagas, tripanossomíase humana africana e leishmaniose. Outras doenças, como dengue e chikungunya, também devem ser investigadas a partir deste ano.
A Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma das organizações selecionados pela OMSno grupo de projetos prioritários para ser apresentado à Assembleia Mundial de Saúde, que ocorrerá em maio. O objetivo é o desenvolvimento da vacina contra a esquistossomose. Há também avanços expressivos no desenvolvimento e otimização de um conjunto de inibidores potentes da enzima cruzaína, responsável pela doença de Chagas, sendo pesquisado por um grupo de estudiosos, liderado por Adriano Andricopulo, docente do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).