Principal iniciativa é participação no projeto “Iwasa’i: Centro Avançado de Pesquisa e Inovação Biotecnológica da Amazônia Oriental” para apoiar pesquisas de cientistas da região Norte
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), reforça sua atuação na promoção da ciência e inovação na região Norte do Brasil por meio de sua participação no projeto “Iwasa’i: Centro Avançado de Pesquisa e Inovação Biotecnológica da Amazônia Oriental”. A iniciativa visa transformar a biodiversidade da Amazônia em oportunidades sustentáveis de desenvolvimento, com geração de conhecimento, formação de recursos humanos especializados e estímulo ao empreendedorismo científico local.
A cerimônia inaugural do projeto ocorreu em março, no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá (PCT Guamá), em Belém (PA), reunindo pesquisadores, autoridades e representantes de instituições parceiras. O projeto, aprovado no edital Pró-Amazônia do CNPq/MCTI/FNDCT, é coordenado pelo Professor Artur Luiz da Costa da Silva, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e carrega o nome “Iwasa’i” em homenagem à lenda indígena que explica a origem do açaí, um dos frutos mais emblemáticos da região.
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Expedições de equipe do CNPEM a igarapés e regiões de mangue na Amazônia, para coletas de amostras de solo. Divulgação CNPEM
“O CNPEM é um centro de pesquisa e inovação multidisciplinar que atua em biotecnologia, saúde, energia renovável e agricultura. Queremos conectar a riqueza da biodiversidade amazônica às nossas plataformas tecnológicas, para desenvolver novos medicamentos, biofertilizantes e outros produtos de alto valor agregado, em colaboração próxima com as equipes da região amazônica”, destaca Daniela Trivella, líder da Divisão de Descoberta de Fármacos do CNPEM.
A parceria com a UFPA e outras instituições da região Norte começou em 2020, com foco na troca de conhecimento e capacitação de pesquisadores das instituições envolvidas e na estruturação de estratégias para transformar o potencial biotecnológico da Amazônia em produtos e tecnologias com relevância global. Desde então, cursos, treinamentos e intercâmbios entre os laboratórios do CNPEM, em Campinas (SP), e as instituições paraenses têm sido realizados.
O primeiro fruto concreto dessa colaboração foi a descoberta de bactérias de solo amazônico com potencial para o desenvolvimento de novos antibióticos e antitumorais, uma abordagem promissora que poderá resultar em depósitos de patentes e novos produtos, especialmente para saúde humana.
Outra linha de pesquisa em desenvolvimento é o de bactérias em regiões alagadas na ilha de Marajó. Essa é uma grande área ainda pouco explorada e com um ecossistema único. O objetivo é, a partir dessas pesquisas, possibilitar a descoberta de fármacos e de benefícios para outras áreas do conhecimento, como agricultura.
Além de fornecer equipamentos, infraestrutura e expertise em pesquisa avançada, o CNPEM também contribui com seu banco nacional de moléculas, que conecta pesquisadores que descobrem compostos bioativos àqueles que buscam aplicá-los em soluções biotecnológicas. O modelo garante rastreabilidade, repartição justa de benefícios e respeito aos conhecimentos tradicionais das comunidades locais e dos diferentes grupos de pesquisa envolvidos.
Ciência com autonomia regional
Segundo o professor Artur da Silva, o grande objetivo do projeto Iwasa’i é garantir autonomia científica e tecnológica para a região Norte. “Queremos que a ciência de ponta seja desenvolvida aqui, com impacto direto na qualidade de vida das populações locais, geração de renda e preservação ambiental. A Amazônia precisa ser um polo de ciência, não apenas um fornecedor de matéria-prima para laboratórios do Sudeste ou de outros países”, afirma.
A expectativa é que o projeto ganhe dimensão internacional a partir da COP30, prevista para acontecer em Belém em 2025. “Queremos transformar a iniciativa em um centro pan-amazônico, envolvendo os oito países que compõem a região amazônica. Temos desafios e oportunidades comuns, como biodiversidade, recursos hídricos, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável”, completa o professor.
Além da pesquisa científica, o projeto Iwasa’i também busca fomentar o empreendedorismo na Amazônia Oriental, incentivando a criação de startups de base biotecnológica. A combinação entre o conhecimento científico local, a biodiversidade regional e o acesso a infraestrutura de ponta, como a do CNPEM, abre caminho para novas empresas e tecnologias com foco em bioeconomia, saúde e agricultura sustentável.
Resultados
Em 2024, o número de pesquisadores da região Norte utilizando as instalações do CNPEM bateu recorde histórico, e a expectativa é de crescimento contínuo nos próximos anos. A colaboração com o projeto Iwasa’i e o fortalecimento de programas como o Embaixadores CNPEM marcam um novo capítulo na integração da Amazônia às grandes agendas científicas nacionais e internacionais.
“Do solo da floresta até as linhas de luz do Sirius, estamos conectando a ciência amazônica com o que há de mais avançado em infraestrutura e conhecimento no Brasil”, conclui Daniela Trivella.
Embaixadores CNPEM
Outra ação estratégica do CNPEM para aproximar a ciência de ponta das regiões Norte e Nordeste é o Programa Embaixadores CNPEM, que seleciona representantes de instituições de ensino e pesquisa dessas regiões para atuar como multiplicadores de informações sobre os recursos disponíveis no Centro.
Em março, o programa reuniu, no campus do CNPEM em Campinas, os primeiros embaixadores, que puderam conhecer as instalações do laboratório, incluindo o Sirius – uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo – e discutir formas de ampliar o acesso de pesquisadores e estudantes de suas regiões às oportunidades oferecidas.
“O objetivo é capilarizar o conhecimento sobre as formas de acesso gratuito às nossas instalações e aos auxílios disponíveis, como passagens, hospedagem e alimentação durante a realização de experimentos no CNPEM”, explica Rosana Tamagawa, gerente do Escritório de Usuários do CNPEM.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).