O artigo científico coordenado por pesquisadoras do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), originalmente publicado na revista Nature Communications , acaba de receber o Prêmio Inovação do Grupo Fleury (PIF), na quarta edição do prêmio. O trabalho conquistou tanto a preferência do júri técnico quanto a maioria dos votos populares na categoria Artigo Científico, após apresentação do mesmo pela primeira autora do artigo, Dra. Carolina M. Carnielli.
O trabalho de pesquisa tem o potencial de beneficiar particularmente pacientes com o carcinoma epidermóide, o tipo mais comum de tumor maligno de cabeça e pescoço. A cada ano são diagnosticados cerca de 300 mil novos casos em todo o mundo, com taxa de mortalidade de 145 mil pacientes no mesmo período. O tratamento é desafiador porque as respostas aos tratamentos convencionais apresentam uma variação muito grande de resultados. Para se ter uma ideia, as taxas de recorrência dos tumores podem variar entre 18 e 76% entre pacientes.
O trabalho ganhador do prêmio foi coordenado pelo CNPEM em parceria com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP), Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), entre outras instituições nacionais e internacionais, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Esse recente trabalho caminhou para identificar, quantificar e compreender a relação entre abundância de proteínas, progressão de tumores e tratamentos e abre caminho para aperfeiçoar as decisões de tratamentos de câncer de boca.
O artigo “Combining Discovery and targeted proteomics reveals a prognostic signature in oral cancer” publicado na revista Nature Communications, realizou a identificação e quantificação de proteínas com potencial valor prognóstico a partir do mapeamento de proteínas em 120 amostras de tecidos tumorais de língua de 20 pacientes. Os dados foram verificados em aproximadamente 800 casos de tecidos por imunohistoquímica e em 120 amostras de saliva provindas de 40 pacientes com câncer de boca por proteômica baseada em alvos ou dirigida. A publicação destaca como a combinação das fases de descoberta e verificação em diferentes tipos de amostras permite uma maior confiabilidade na determinação de alvos, e resulta em maior correlação entre os níveis da proteína e a gravidade da doença. Com isso, esse trabalho resultou na identificação de uma assinatura de prognóstico robusta capaz de classificar pacientes com e sem metástase linfonodal.
De acordo com a coordenadora do estudo, Dra. Adriana Paes Leme, pesquisadora do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), entre os objetivos dos estudos futuros se pretende desenvolver testes mais simples, baratos, robustos e acessíveis para profissionais da saúde, além de buscar compreender mecanismos de ação das proteínas distribuídas pelas diferentes áreas do tumor.
A identificação de assinaturas moleculares é fundamental para que oncologistas consigam superar as limitações dos exames clínicos e de imagens e tenham parâmetros mais seguros para orientar estratégias de tratamento mais personalizadas e eficientes.